quinta-feira, 1 de maio de 2014

BANANA, A FRUTA

Poucos dizem, mas parece que todos sabem que a banana é o alimento mais completo, depois do leite. Macacos comem bananas porque são inteligentes. É uma fruta deliciosa e super-nutritiva. Mas a mente humana é doente. Pessoas têm medo de associar sua origem animal à dos macacos, embora as evidências sejam incontestáveis. Há inúmeros crânios apresentados pela paleontologia que demonstram nossa evolução, desde as algas, passando pelos paramécios, lagartos, tatus-bolas, cavalos, orangotangos, Einstein!
Agora me diga, leitor, por que tanto medo disso? A resposta é simples: porque as pessoas acreditam que foram criadas por um Ser Infalível — aquele a quem rezamos todos os dias e que nunca dá as caras por aqui. Fomos criados com esse formato: duas pernas, dois braços, um nariz e uma mente capaz de conceber o estupro, os filmes de terror e o genocídio. E tudo que está à margem desse conhecimento é uma afronta! Mas o problema não é somente esse. Quando falamos sobre “evolução natural” nos enchemos de medo de que a prosa sobre o mundo sobrenatural seja somente uma fábula. As pessoas acham que para manter a fé em Deus é preciso acreditar na lenda de Adão e Eva. Não acreditam, é claro, mas fingem acreditar, para não serem excluídos da sociedade mentirosa em que vivem.
Os europeus em geral sempre foram muito preconceituosos. Há relatos nojentos de suas atitudes contra pessoas consideradas de outras raças, principalmente contra os negros. E o motivo é visível. Macacos em geral são negros. Os narizes dos macacos são naturalmente achatados, muitos deles nem têm nariz, têm apenas dois furos que conduzem aos ductos nasais. Os negros em geral têm nariz achatado. E os Europeus, com seus narizes cada um mais feio que o outro, consideram que nariz reto, torto, em forma de anzol, com formato de corcova de camelo ou qualquer outro ainda mais ridículo é normal, mas nariz achatado não, é uma afronta à estética ocidental! Estou falando de nós, europeus, que nos espalhamos pelo mundo levando nosso racismo e nossa violência contra todos os povos da Terra.
Dizem que os negros têm um cheiro diferente do cheiro dos brancos. É claro que têm! Um chinês cheira diferente de um polaco. Da mesma forma como um gato siamês cheira diferente de um angorá. Todos cheiramos diferente uns dos outros — por isso vivemos nos estranhando — mas quem pode provar que o cheiro de um é melhor que o cheiro do outro? Os brancos costuma(va)m dizer que os negros não gostam de trabalhar. É possível que não. Viviam da coleta de frutos em sua terra natal, quando fomos lá e os arrancamos na marra, na base do chicote e do garrote para que limpassem as nossas latrinas, amamentassem nossos filhos, servissem de objeto sexual e de objeto de nosso sadismo por quatro séculos. Agora queremos que sejam trabalhadores exemplares, objetivos, inteligentes e cultos, como somos nós, os grandes heróis europeus. Ora, dá licença!
Os negros evoluem em todas as comunidades ao redor do mundo dentro de suas possibilidades. Quando foram libertados dos grilhões foram deixados à beira da estrada sem um tostão no bolso e safaram-se criando favelas em redor das cidades. Queríamos que ficassem bem quietos lá, mas eles saíram! Muitos tornaram-se cidadãos exemplares, trabalhadores, juízes e até mesmo milionários. Muitos tornaram-se bandidos.
Os negros nos perturbam. Não porque são o que são, mas porque nós, brancos, somos o que somos: medrosos, mesquinhos, covardes e egoístas. Quando decidirmos pagar aos negros a dívida de 400 anos de exploração do seu trabalho, da sua dor, da sua humilhação e da sua morte, talvez as coisas começarão a sair do zero.
Nossa noção de “ser humano” é que merece uma banana. Aquela representativa de desprezo, não a banana de verdade, que é a melhor dentre todas as frutas.